O Plano B

Fonte e direitos: RENATO CESAR MONTEIRO

Todos nós recordamos daquele trágico dia 11 de setembro de 2001 – o dia em que as torres gêmeas de Nova York vieram abaixo pelas mãos dos terroristas que jogaram nelas dois aviões Boeing 767 que haviam sido sequestrados. Sem dúvida uma das maiores tragédias da história moderna. A partir dali, tudo mudou nos Estados Unidos: as leis de imigração ficaram mais rígidas, o controle sobre o tráfego aéreo aumentou,foi deflagrada uma verdadeira guerra contra o terrorismo que, mui tas vezes, passou por cima dos direitos humanos. Foram ordenadas execuções sumárias, mui tas vezes sem provas criminais e contrariando as leis internacionais. Mas a partir daquele dia também mudou a história da Tecnologia da Informação.

Todos sabemos que o armazenamento de informações e documentos são fundamentais para a continuidade de qualquer negócio. Os meios de armazenamento atuais incluem, quase que na maioria das empresas, backup em fitas magnéticas, em servidores remotos ou sites de backup (existem os modelos co-location, que nada mais são do que data centers independentes que oferecem hospedagem compartilhada para mais de uma organização). As boas práticas sugeridas pela ITIL (Information Technology Infrastructure Library, modelo britânico utilizado em muitas empresas, cito, por exemplo, a Gerdau e a Stefanini IT Solutions) recomendam que as mídias de backup de cada empresa sejam armazenadas em local seguro e nunca no mesmo prédio-sede. Em caso de destruição total do patrimônio físico de uma empresa (o que pode ser recuperado através de seguro) , estes arquivos poderão ser restaurados.

Naturalmente, o monitoramento destes backups através do uso de software apropriado, bem como a análise de logs e testes de restore periódicos também são recomendáveis. Acontece que muitas empresas que operavam nas torres gêmeas de NY possuíam seus backups na torre vizinha. Isso mesmo: fitas de backup, servidores de backup e links de contingência ficavam no outro prédio. Ninguém imaginava que as duas torres desabariam. Ali, caro leitor, muitas empresas vieram à falência por não terem mais o histórico de seus clientes ou simplesmente por não poderem comprovar dívidas e créditos: todo o histórico digital estava perdido!

Desde então a grande maioria dos bons profissionais de Tecnologia da Informação vêm buscando especializar-se e implementar em suas empresas as práticas de continuidade de negócio mais modernas, atualizadas a partir daquela tragédia. Isso não se restringe ao armazenamento de dados, mas tem sido levado em conta, também, o capital intelectual. Não me surpreende o fato dos dois diretores de uma famosa empresa de consultoria e treinamento aqui de Porto Alegre viajarem periodicamente em voos diferentes. Eles sabem que detém grande conhecimento sobre a sua empresa e que o falecimento de ambos seria extremamente prejudicial para a continuidade do negócio. Logo, se acontecer a queda de um dos aviões, viria a falecer somente um dos diretores… Parece loucura, mas muitas empresas adotam esta prática. Apenas não admitem publicamente. Se refletirmos um pouco chegaremos a uma conclusão semelhante no que diz respeito ao conhecimento, à patente do software. O monopólio da informação, o não compartilhamento do código pode gerar a perda irreversível de grandes ideias. Quantos grandes softwares foram descontinuados simplesmente porque o código-fonte não foi aberto e, assim, não foi dada a continuidade por parte de outros desenvolvedores?

O “plano B”, caro leitor, resume-se a uma única palavra: continuidade. Isso pode ser implementado a partir de um simples nobreak até um si te em co-location.
Cabe aos profissionais de Tecnologia, ir além e nos anteciparmos aos imprevistos

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Uma consideração sobre “O Plano B”

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